sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O robot pintor e Pollock

Robot criado em Portugal é polêmico, mas ... é arte?

O robot-pintor do artista português Leonel Moura, em exposição numa mostra de tecnologia em São Paulo, tem suscitado polêmica em torno da criação artística a partir de uma inteligência artificial. «Até que ponto nós estamos dispostos a aceitar que uma obra possa ser feita com criatividade artificial?», questiona uma reportagem da edição deste mês da revista Bravo.
Apresentado na quarta edição da bienal internacional de arte e tecnologia, patente ao público até 14 de Setembro, o robot português realiza obras de arte no estilo das pinturas gestuais.
A inspiração do RAP (Robotic Action Painter), que integra o acervo do Museu de História Natural de Nova Iorque, são as informações inseridas na sua memória e os dados recebidos do público.
Semelhante a uma formiga, o robot passeia sobre uma folha de papel, pára, baixa uma das suas seis canetas coloridas e começa a fazer um desenho de traços e tons vibrantes.
O desenho pronto, assinado por ele e por seu inventor, encontra-se pendurado em uma das paredes da instituição (local da bienal). Isso é arte? Leonel Moura garante que o trabalho de seu robot é arte, porque os seus trabalhos são criativos e os desenhos não se repetem. «Eu identifico arte com criatividade, com o fato de se fazer algo que não existia antes. Nenhum desenho ou pintura do meu robot se repete ou copia alguma coisa já vista. Ele não se submete a um conjunto de instruções. Ele cria», argumenta o artista.
Há a possibilidade da criatividade artificial, evidentemente porque ocorre uma ruptura com a arte muito calcada no indivíduo. A arte pode nascer de um componente não-humano e sobre o qual nem o artista tem o menor controle.
Leonel Moura salienta que o RAP decide quando o seu trabalho pode ser considerado pronto, por meio do anti-programa. «Instalo no robot comandos binários como: Se tiver de usar uma caneta, escolha você se vai usar ou não. Se optar por usar uma, escolha você qual delas.»
Especialista na área de inteligência artificial e robótica, Leonel Moura criou o Robotarium, em 2007, o primeiro zoológico de robots, localizado em Alverca, Portugal.
No seu atelier, o artista português vive cercado por vinte robots, com pinturas que são vendidas por 10 mil dólares. «As pessoas compram porque os quadros ficam realmente bonitos, mas também porque se encantam com a história dos robots». A mostra incluiu ainda robots que lêem as expressões faciais dos visitantes e respondem com emissão de cores, carpas que se transformam em peixes-DJs, alterando com os seus movimentos o som ambiente da exposição, entre outros.
Um quadro pintado por um robot pode ter criatividade mas nunca terá emoção. Emoção essa que só é possível "sentir" quando pintado por alguém de carne e osso! Cada pincelada, cada mistura de tinta guarda segredos, emoções, pensamentos e intenções... Por mais belo que seja, por mais espetacular que se torne aos olhos do ser humano, nunca será da mesma forma sentido! Vale a criatividade. Já pesquisei a vida e obra de Jackson Pollock e toda sua excentricidade que o tornou o artista cujas pinturas têm um valor em dinheiro muitíssimo significativo, haja vista a venda de uma delas pelo preço mais exorbitante anos atrás. Minha pesquisa gerou comentários e até uma monografia a fim de provar o valor dessas criações. Matemáticos levantaram que, contrariamente ao que supus num primeiro contato com o quadro Mulher Loba, aquele trabalho não era apenas o fazer borrões, mas se tratava de uma obra mensurada, analisada e concluida como pintura fractal, isto é, a tela enorme não recebeu tiros de tinta jogados aleatoriamente. Sua obra era matematicamente explicada e reconhecida como genial. Pollock pintava a emoção, enquanto que o robot produz arte...artificial.

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